segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Não sei se posso te chamar de amigo!

Não sei se você é mais meu amigo. Hoje, dia de lembrar que não dá pra esquecê-lo, duvidei de você, ou do que tenho te chamado. Amigo. De repente já não aceito mais sua amizade. Já chamei gente demais de amiga. Gente por quem passei. Falo com dor. Passei por tanta gente boa que não posso deixar de chamá-los de amigos. Passei por suas lembranças, doces e queridas, mas muitas já quase apagadas. Retratos de uma passagem, flagrantes do que não é mais. Imagens doces, mas imprecisas. Que pena! São meus amigos aqueles que o tempo borrou suas imagens. Desenho de uma saudade que não mais tenho.

O que importa agora é que você deixou de ser meu amigo. Não sei quando e é isto que me cura. Chamo de amigas as pessoas de quem sinto uma estranha saudade por não mais sentir falta, apenas saudade. Mas estas, basta bater a poeira das parcas memórias, sei exatamente quando se tornaram minhas amigas. Foi no dia em que nos despedimos e eu, de novo, passei por elas. Meu desconforto neste dia que não deveria existir no seu caso, já que estas datas são coisas de amigos, gente que precisa se lembrar do que se importar, é de que sei exatamente quando e onde fui impedido de chamá-lo de amigo. Curioso! Também em uma despedida. Ali eu já duvidava do que só hoje descobri, jamais seríamos amigos.

Não quero nunca mais chamá-lo de amigo. Também o proíbo, já que não o é, de que assim me chame. Não gosto do que penso quando a alguém chamo de amigo. Melhor, quando chamá-lo não lhe darei nomes. Apenas direi seu nome e calarei. Faça o mesmo. Beberemos e comeremos juntos. Falaremos de nossos amores e de quantos amores nos deram. Jogaremos ping-pong e sinuca. Correremos. Oraremos nossas poesias. Cantaremos nossas prosas. Depois, quando tivermos que nos chamar de alguma coisa, ficaremos em silêncio e eu reverenciarei aquele por quem não passei. Graças a Deus! Já tava na hora! Despedi-me à toa de alguém. Não há flagrantes embaçados. Nem de fotos precisamos. São insuficientes as imagens e os nomes. Tenho você na alma. Os amigos, tenho nas fotos. Ah! Também não tirarei mais fotos suas.

Parabéns pelo dia que não preciso para lembrar de você.

Elienai

sábado, 27 de agosto de 2011

Deus está sempre comigo!!

Desde criança, comecei a entender que o mundo e tudo ao meu redor foi criado por Deus.Ouvi tantas histórias de um Deus poderoso e super protetor, e no entender de uma criança achava que era um super-herói. Descobri que aos
olhos de Deus eu era querida. Amada e especial, pois ele me fez assim. Me formou, e em cada detalhe colocou um toque do seu amor. Além disso, descobri que Ele me ama do jeito que eu sou, e que estaria ao meu lado sempre me protegendo. Prometeu não me deixar e nunca me abandonar. (HB 13:5) O tempo foi passando, e fui descobrindo cada vez mais coisas. Aprendi que há um tempo certo para todas as coisas, que devo sempre tomar as decisões certas, e principalmente ser humilde, ter simplicidade e ajudar o próximo. É... Eu cresci, aprendi que a vida não seria tão fácil, que iria haver obstáculos e algumas vezes poderia me machucar. Mais de uma coisa estava certa, pode haver o que for... DEUS ESTARÁ SEMPRE COMIGO!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O lixo!

 
 - Bom dia.

- Bom dia.

- A senhora é do 610.

- E o senhor do 612.

- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...

- Pois é ... - Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo ...

- O meu quê?

- O seu lixo.

- Ah...

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena.

- Na verdade sou só eu.

- Humm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar .

- Entendo.

- A senhora também .

- Me chama de você.

- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim.

- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra.

- A senhora... Você não tem família?

- Tenho, mas não aqui.

- No Espírito Santo.

- Como é que você sabe?

- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.

- É. Mamãe escreve todas as semanas.

- Ela é professora?

- Isso é incrível! Como você adivinhou?

- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.

- Pois é ...

- No outro dia, tinha um envelope de telegrama amassado.

- É.

- Más notícias?

- Meu pai. Morreu.

- Sinto muito.

- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.

- Foi por isso que você recomeçou a fumar?

- Como é que você sabe?

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

- É verdade. Mas consegui parar outra vez.

- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

- Eu sei, mas tenho visto uns vidrinhos de comprimidos no seu lixo...

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.

- Você brigou com o namorado, certo?

- Isso você também descobriu no lixo?

- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.

- É, chorei bastante, mas já passou.

- Mas hoje ainda tem uns lencinhos.

- É que estou com um pouco de coriza.

- Ah.

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

- Namorada?

- Não.

- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.

- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.

- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.

- Você está analisando o meu lixo!

- Não posso negar que o seu lixo me interessou.

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo,decidi que gostaria de conhecê-la . Acho que foi a poesia.

- Não! Você viu meus poemas?

- Vi e gostei muito.

- Mas são muito ruins!

- Se você achasse eles ruins mesmos, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.

- Se eu soubesse que você ia ler ...

- Só não fiquei com ele porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

- Acho que não. Lixo é domínio público.

- Você tem razão. Através dos lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos
outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?

- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

- Ontem, no seu lixo.

- O quê?

- Me enganei, ou eram cascas de camarão?

- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.

- Eu adoro camarão.

- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode... Jantar juntos?

- É. Não quero dar trabalho.

- Trabalho nenhum.

- Vai sujar a sua cozinha.

- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.

- No seu lixo ou no meu?

Luis Fernando Veríssimo

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Falando sobre nós mesmos!!

“Quando falamos sobre nós próprios, sobre os outros ou simplesmente sobre coisas, o que pretendemos é – poderíamos dizer – nos revelar através das nossas palavras: queremos dar a conhecer o que pensamos e sentimos. Permitimos que os outros lancem um olhar para dentro da nossa alma. (…) Compreendido dessa forma, somos os diretores soberanos, os dramaturgos autônomos, no que diz respeito à abertura da nossa interioridade. Mas, e se isso estiver completamente errado? Na verdade, nós não apenas nos revelamos com as nossas palavras, nós também nos traímos. Acabamos por revelar muito mais do que gostaríamos e, às vezes, acontece precisamente o contrário. E os outros podem interpretar as nossas palavras como sintomas de algo que nós próprios talvez nem conhecemos. Como sintomas da doença de sermos nós mesmos. Pode ser divertido observarmos os outros dessa maneira, pode nos tornar mais tolerantes, mas também pode significar munição. E se, no instante em que começamos a falar, lembramos de que os outros também agem assim conosco, então a palavra pode ficar entalada na garganta, e o susto pode nos emudecer para sempre.”