quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Com o coração


Hoje eu não quero conversas vestidas de uniforme. Diálogos impecavelmente arrumados que não deixam o coração à mostra. As palavras podem sair de casa sem maquiagem. Podem surgir com os cabelos desalinhados, livres de roupas que as apertem, como se tivessem acabado de acordar. Dispensa-se tons acadêmicos, defesas de tese, regras para impressionar o interlocutor. O único requinte deve ser o sentimento. É desnecessário tentar entender qualquer coisa. Tentar solucionar qualquer problema. Buscar salvamento para o quer que seja.

Hoje eu não quero falar sobre o quanto o mundo está doente. Sobre como está difícil a gente viver. Sobre as milhares de coisas que causam câncer. Sobre as previsões de catástrofes que vão dizimar a humanidade. Sobre o quanto o ser humano pode ser também perverso, corrupto, tirano e outras feiúras. Sobre os detalhes das ações violentas noticiadas nos jornais. Não quero o blablablá encharcado de negatividade que grande parte das vezes não faz outra coisa além de nos encher de mais medo. Não quero falar sobre a hipocrisia que prevalece, sob vários disfarces, em tantos lugares. Hoje, não. Hoje, não dá. Não me interessam o disse-que-disse, os julgamentos, a investigação psicológica da vida alheia, os achismos sobre as motivações que fazem as pessoas agirem assim ou assado, o dedo na ferida.

Hoje eu não quero aquelas conversas contraídas pelo receio de não se ter assunto. A aflição de não se saber o que fazer se ele, de repente, acabar. O esforço de se falar qualquer coisa para que a nossa quietude não seja interpretada como indiferença. Hoje eu não quero aquelas conversas que muitas vezes acontecem somente para preenchermos o tempo. Para tentarmos calar a boca do silêncio. Para fugirmos da ameaça de entrar em contato com um monte de coisas que o nosso coração tem pra dizer. Além do necessário, hoje não quero falar só por falar nem ouvir só por ouvir. Que a fala e a escuta possam ser um encontro. Um passeio que se faz junto. Um tempo em que uma vida se mostra para a outra, com total relaxamento, sem se preocupar se aquilo que é mostrado agrada ou não. Se aumenta ou diminui os índices de audiência.

Hoje, se quiser, se puder, se souber, me fala de você. Da essência vestida com essa roupa de gente com a qual você se apresenta. Fala dos seus amores, tanto faz se estão perto do seu corpo ou somente do seu coração. Fala sobre as coisas que costumam fazer você sintonizar a frequência do seu riso mais gostoso. Fala sobre os sonhos que mantêm o frescor, por mais antigos que sejam. Fala a partir daquilo em você que não desaprendeu o caminho das delícias. Do pedaço de doçura que não foi maculado. Da porção amorosa que saiu ilesa à própria indelicadeza e à alheia. A partir daquilo em você que continuou a acreditar na ternura, a se encantar e a se desprevenir, apesar de tantos apesares. Conta sobre as receitas que lhe dão água na boca. Sobre o que gosta de fazer para se divertir. Conta se você reza antes de adormecer.

Hoje, me fala de você. Dos momentos em que a vida lhe doeu tanto que você achou que não iria aguentar. Fala das músicas que compõem a sua trilha sonora. Dos poemas que você poderia ter escrito, de tanto que traduzem a sua alma. Senta perto de mim e mesmo que estejamos rodeados por buzinas, gente apressada, perigos iminentes, faz de conta que a gente está conversando no quintal de casa, descascando uma laranja, os pés descalços, sem nenhum compromisso chato à nossa espera. A gente já brincou tanto de faz-de-conta quando era criança, onde foi que a gente esqueceu como se chega a esse lugar de inocência? Fala da lua que você admirou outra noite dessas, no céu. Da borboleta que lhe chamou à atenção por tanta beleza, abraçada a alguma flor, como se existisse apenas aquele abraço. Diz se quando você acorda ainda ouve passarinhos, mesmo que não possa identificar de onde vem o canto. Diz se a sua mãe cantava para fazer você dormir.

Senta perto e me conta o que você sentiu quando viu o mar pela primeira vez e o que sente quando olha pra ele, tantas vezes depois. Se tinha jardim na casa da sua infância, me diz que flores riam por lá. Conta há quanto tempo não vê uma joaninha. Se tinha algum apelido na escola. Se consegue se imaginar bem velhinho. Fala da sua família, a de origem ou a que formou. Das pessoas que não têm o seu sobrenome, mas são familiares pra sua alma. Fala de quem passou pela sua vida e nem sabe o quanto foi importante. Daqueles que sabem e você nem consegue dizer o tamanho que têm de verdade. Fala daquele animal de estimação que deitava junto aos seus pés, solidário, quando você estava triste. Diz o que vai ser bacana encontrar quando, bem lá na frente, olhar para o caminho que fez no mundo, em retrospectiva.

Podemos falar abobrinhas, desde que sejam temperadas com riso, esse tempero que faz tanto bem. A gente pode rir dos tombos que você levou na rua e daqueles que levou na vida, dos quais a gente somente consegue rir muito depois, quando consegue. A gente pode rir das suas maluquices românticas. Das maiores encrencas que já arrumou. Das ciladas que armaram para você e, antes de entender que eram ciladas, chegou até a agradecer por elas. De quando descobriu como são feitos os bebês. A gente pode rir dos cárceres onde se prendeu e levou um tempo imenso pra descobrir que as chaves estavam com você o tempo todo. Das vezes em que se sentiu completamente nu diante de um Maracanã, tamanha vergonha, como se todos os olhos do mundo estivessem voltados na sua direção. Das mentiras que contou e acreditaram com facilidade. Das verdades que disse e ninguém levou a sério.

Não precisa ter pauta, seguir roteiro, deixa a conversa acontecer de improviso, uma lembrança puxando a outra pela mão, mas conta de você e deixa eu lhe contar de mim. Dessas coisas. De outras parecidas. Ouve também com os olhos. Escuta o que eu digo quando nem digo nada: a boca é o que menos fala no corpo. Não antecipe as minhas palavras. Não se impaciente com o meu tempo de dizer. Não me pergunte coisas que vão fazer a minha razão se arrumar toda para responder. Uma conversa sem vaidade, ninguém quer saber qual história é a mais feliz ou a mais desditosa.

Hoje eu quero conversar com um amigo pra falar também sobre as coisas bacanas da vida. As miudezas dela. A grandeza dela. A roda-gigante que ela é, mesmo quando a gente vive como se estivesse convencido de que ela é trem-fantasma o tempo inteiro. Um amigo pra falar de coisas sensíveis. Do quanto o ser humano pode ser também bondoso, honesto, afetuoso, divertido e outras belezas. Dos lugares onde nossos olhos já pousaram e daqueles onde pousam agora. Um amigo para conversar horas adentro, com leveza, de coisas muito simples, como a gente já fez mais amiúde e parece ter desaprendido como faz. Um amigo para se conversar com o coração.

E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.

Na propria pele






Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo convivendo com tantas perguntas que o tempo não respondeu e com a ausência de qualquer garantia de que ele ainda responda. É me sentir confortável, mesmo entendendo que as respostas que tenho mudarão, como tantas já mudaram, e que também mudarei, como eu tanto já mudei.


Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo sentindo que cada vez mais eu sei cada vez menos, e não saber, ao contrário do que já acreditei, pode nos fazer vislumbrar uma liberdade incrível, às vezes. Tem saber que é nítida sabedoria, que fortalece, que faz clarear, mas tem saber que é apenas controle disfarçado, artifício do medo, armadilha da dona autosabotagem.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo percebendo que a minha vida não tem lá tanta semelhança com o enredo que eu imaginei para ela na maior parte da jornada e que nem por isso é menos preciosa. É me sentir confortável, cabendo sem esforço e com a fluidez que eu souber, na única história que me é disponível, que é feita de capítulos inéditos, e que não está concluída: esta que me foi ofertada e que, da forma que sei e não sei, eu vivo.


Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir. É me sentir confortável, mesmo sentindo uma saudade imensa de uma pátria, aparentemente utópica, onde os seus cidadãos tenham ternura, respeito e bondade, suficientes, para ajudar uns aos outros na tecelagem da paz e no desenho do caminho.


Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. Estarmos na nossa própria pele não é fácil e essa percepção é capaz de nos humanizar o bastante para nos aproximarmos com o coração do entendimento do quanto também não seria fácil estarmos na pele de nenhum outro. Por maiores que sejam as diferenças, as singularidades de enredo, as particularidades de cenário, não nos enganemos: toda gente é bem parecida com toda gente. Toda gente é promessa de florescimento, anseia por amor, costuma ter um medo absurdo e se atrapalhar à beça nessa vida sem ensaio.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor. Ana jácomo
Eu estava triste, o coração apertadinho, o tempo chuvoso no rosto. O pensamento andando em círculos em torno de um único ponto. Na berlinda, um daqueles problemas que a gente precisa resolver, mas não tem a mínima ideia de como. Daquele tipo espaçoso, metido à besta, que diz ser maior do que nós e a gente quase acredita. Todo mundo se depara com um mentiroso desses, de vez em quando. Eles não são seletivos, batem em tudo o que é porta. Astutos, encontram um jeito para entrar mesmo quando tentamos impedir. Alguns nem são novos como o impacto do desconforto faz parecer. Reaparecem, de tempos em tempos, com novidades da versão atualizada do seu programa. Novidades que, às vezes, tornam um pouco mais complicado o que já era difícil.

Eu estava lá há um tempão, olhando para o dito cujo, assustada como um passarinho que se flagra num alçapão. Não conseguia ver um fiapo que fosse de outra coisa qualquer além dele. Problema espaçoso, metido à besta, é assim: se a gente lhe der muita confiança, ele monopoliza o tempo do nosso olhar sem nenhum constrangimento. Mas, de repente, eu cansei do cativeiro. Da tristeza. Do aperto. Da chuva no rosto. Por algum lampejo de lucidez, percebi que nada daquilo me ajudaria a solucioná-lo naquele momento, embora fosse o que eu mais quisesse. Só se o gênio da lâmpada aparecesse ali e me concedesse um pedido, mas como a lâmpada mais próxima ficava no lustre, desconfiei não poder contar com aquela alternativa. Foi aí que peguei meu violão.

Comecei a tocar meio desanimada, cantarolando uma música aqui, outra ali, a voz ainda atrapalhada pelos respingos da tristeza, mas sem me importar com o detalhe de não saber tocar nem cantar de verdade. Depois de alguns minutos, envolvida com a brincadeira, eu já não sentia tão intensamente o peso do tal problema, aquele que eu não poderia resolver de uma hora pra outra. Não demorou para que o meu coração ficasse mais solto e o tempo chuvoso me desse uma trégua. Não foi mágica, apenas uma mudança consciente de foco. Troquei de canal para levar minha vida pra passear um pouco. Para soprar algumas nuvens. Para respirar melhor. Ao permitir que o pensamento se dissipasse, abri espaço para mudar meu sentimento. O problema continuava no mesmo lugar; eu, não. Nós nos encontraríamos outras tantas vezes até que eu pudesse solucioná-lo, mas eu não precisava ficar morando com ele enquanto isso.

Os pensamentos preparam armadilhas pra gente. Ao cairmos nelas, nos enredamos de tal maneira que esquecemos ser capazes de sair de lá. A vastidão da nossa alma fica reduzida a um cubículo, como se não tivesse espaço suficiente para abrigar uma variedade de sentimentos. Passamos a nos comportar como se tivéssemos apenas um lápis de cor e não a caixa inteira. Nós nos apegamos a alguns pensamentos e lhes conferimos exclusividade. Nós lhes damos o cetro e a coroa e afirmamos o seu poder sobre as nossas emoções. Ficamos presos neles, feito passarinho quando cai no alçapão. A diferença é que, por mais que tente, ele não pode sair de lá sozinho, ao contrário de nós. Passarinho tem asas do lado de fora. A gente, do lado de dentro.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Depois de tantas buscas,
 encontros, desencontros, 
acho que a minha mais sincera intenção
 é me sentir confortável,
 o máximo que eu puder, 
estando na minha própria pele.
 É me sentir confortável,
 mesmo acessando, vez ou outra,
 lugares da memória que eu adoraria inacessíveis,
 tristezas que não cicatrizaram, 
padrões que eu ainda não soube transformar,
 embora continue me empenhando para conseguir.

domingo, 23 de setembro de 2012

Será que a liberdade é uma bobagem?...
Será que o direito é uma bobagem?...
A vida humana é alguma coisa a mais que ciências,artes e profissoes.
E é nessa vida que a liberdade tem um sentido,e o direito dos homens.
A liberdade não é um prêmio,é uma sançao.Que há de vir .
Mário de Andrade
 

O valioso tempo dos maduros




"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

 Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

 Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

 Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...

Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial."

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O mundo vive uma confusão generalizada. Não é surpresa para ninguém que a história parece estar de cabeça para baixo! O escritor Fernando Sabino, muitos anos atrás tinha um pesadelo recorrente: sonhava com uma manchete de jornal apavorante, em que se lia em letras garrafais: “o inevitável aconteceu!” 

Um dos traços mais terríveis do mundo em que vivemos é normalização do anormal. As pessoas estão se acostumando ao horror, ao erro, à mentira. Nem a política carrega mais aquele despertar das utopias. No muro de uma Universidade em São Paulo, alguém rabiscou o seguinte: “Senhores políticos, por favor, queremos novas mentiras”. 

Hoje é normal ser estranho. Foi publicada em um jornal popular, tempos atrás, a seguinte manchete, que ficou famosa: “Matou a mãe sem motivo justo”. Somos a sociedade das coisas sem sentido. Tudo acontece, mas nada tem sentido. Arnaldo Jabor escreveu que “o cotidiano do nosso país e do mundo é feito de acontecimentos que não acontecem”. A vida humana está perdendo significado a cada nova trivialidade. É a Babel conceitual. 

A fronteira entre humanos e coisas está cada dia menos perceptível. Um grupo de ladrões invadiu um hospital para roubar botox. O corpo humano está virando mercadoria. Silicones que explodem no corpo, animalização sexual que vai desde o fetiche aos aromas afrodisíacos a mil. Imbecilização nacional via BBB ou os virais da net e suas Luízas... E ainda dizem que o homem veio do macaco!!! Como escreveu um jornalista: “macacos são bichos felizes, sem neuroses. Não podemos nos comparar a eles. Seria uma ofensa aos macacos. Se eles falassem, diriam: ‘Humanos não, heim! Humano é a sua mãe!’” 

A única certeza aqui é a constatação de Heráclito: “tudo flui, nada permanece”. Como igreja, fazemos diferença nesse cenário? Sérgio Pavarini disse que “somos o povo das respostas prontas e qualquer ponto de interrogação já abre o apetite dos canibais de cabeça”. O ministério da saúde mental adverte: mergulhar fundo em ideias rasas pode acarretar a paralisia dos pensamentos!

Fernando Pessoa escreveu algo fabuloso: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. É tempo de ressignificarmos a nossa fé. Deus já está agindo! 


1. Deus está babelizando de novo! 

A Torre de Babel é um exemplo bíblico da desconstrução divina. É Deus na contramão. Deus no paradoxo. É o sagrado que se experimenta no oposto, no que não é, no que não se espera. Deus fora das conveniências. A Babel é a história de como Deus esvaziou a pretensão humana de domínio, controle, rivalização, ajuntamento que aniquila diferenças. 

Deus babelizando é um sinal de que, como igreja, estamos longe do ideal divino da vida: partilha e celebração, o oposto do espírito da Torre. A igreja não é dona absoluta de Deus nem das pessoas. Ela não é uma agência de um céu sob nova direção. É preciso esvaziar-se da pretensão de domínio, da “Síndrome do Cérebro”: personagem de uma série americana sobre dois ratos de laboratório. Cada episódio é caracterizado (tanto no início quanto no final) pela famosa tirada onde Pinky pergunta: "Cérebro, o que faremos amanhã a noite?" e Cérebro responde: "A mesma coisa que fazemos todas as noites, Pinky... Tentar conquistar o mundo!" 

A igreja não precisa conquistar o mundo, apenas amar as pessoas! 


2. Deus babelizando põe as pedras no lugar! 

Espalhadas! Deus não trabalha com pedras, mas com gente. Em Mt. 16. 18, Pedro precisou aprender essa verdade: “Tu és Pedro...” A questão que intriga é: somos pedra ou gente? A sequência do texto ilumina ainda mais, pois Jesus diz que “as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja”: só o inferno tem portas, a igreja é casa aberta, lugar de gente. 

Vivemos no mundo das pedras. A igreja tem se transformado numa comunidade empedrada. Filhos acinzentados da geogriafia, ficamos emparedados, reféns da mesmice religiosa dos cativeiros dos templos. A missão da igreja acontece na cidade. Entre gente, e não entre paredes. Entreos domingos, e não apenas aos domingos! 

Sejamos gente! 


3. Deus babelizando tranforma a linguagem 

Depois da Babel a comunicação precisou ser ressignificada. É preciso compreender que no Pentecoste, a Babel foi inversa, e a linguagem das confusões foi abolida. O problema é que interpretamos o extraordinário dentro do bizarro e ficamos apenas nas redondezas sem gramática das “linguas estranhas”, e esquecemos que dentro do que ninguém entende, cabe tudo. (Não sou contra a lingua espiritual, mas contra tudo que é estranho). 

A linguagem que Deus quer que falemos não é o ininteligível do êxtase sem conteúdo, mas a língua da aproximação, da quebra das distâncias: a língua do afeto para quem está na dor; a língua do amor para quem vive atolado na indiferença; a língua da esperança aos que estão sem horizontes. Qual língua você tem falado por aí? 

Muitos ainda são escravos da língua solta. Estão enquadrados no título de um texto que está num livro de Isaac Babel: “É conversando que a gente se desentende”. Escravos do verbo. Jesus é o verbo que veio para nos ajudar a falar! 

É preciso encontrar Deus na confusão da história e sinalizar os tempos de mudanças. 

Da inutilidade das explicações




É sempre ela: a explicação. Achamos que cabemos no que explicamos. Ledo engano. Teorizamos a pessoa que nunca fomos. No máximo o pálido sonho de algum dia ter sido. Frases, gestos, entonação de voz, mil alterações de humor, tons de pele, o rosto tentando mentir. Explicamos querendo trazer o “ex”, o “para fora de”, para dentro.

            Diante do espelho somos outro. Aquele que olha e o que é olhado. Idealizado. Aquele desmascarado. Ultrajado. Censurado. A tentativa de ser. As caricaturas. A dança estranha entre verdade e mentira que fala, mas não é. Explicamos: “ser humano é ser assim...”. Vencidos, assumimos, para nossa vergonha, que não somos. Liberdade talvez seja isso: o inexplicável.

            Somos atores medianos. Peças aleatórias? Um pouco de ar. Não cabemos naquilo que se explica com a arrogância típica das certezas. Deveríamos gargalhar de todos que bradam aos quatro ventos: “eu tenho respostas!” A vida não faz sentido nas respostas, mas nas dúvidas. É jazz. É sentir na pele. É o instante. O pequeno êxtase que faz a alma delirar. Pobre de quem tenta explicar o delírio.

            Deixe as pretensões pedagógicas. Solte as cordas. Desate os nós. Desça do salto. Erre. Viva. Seja. Crie. Falhe. Deixe. Rasgue. Esqueça. Durma bem. Diga mais a palavra “talvez”. É bom não saber de tudo. A tentação da explicação aborta o mistério. Ouça música de qualidade. Feche mais os olhos. Mire os emaranhados. Admire os descompassos, as pausas, as fissuras, os traços do tempo. É o dom do efêmero.

            Respire. Pare o show. Apague a luz. Desfrute da sombra. Sinta o cheiro do seu amor. Tire os sapatos e sinta o chão. Pela primeira vez, talvez, ande. Deixe-se embalar pelas surpresas do cotidiano, ainda que dolorosas. Renda-se. Desafine. Cante aquela música. “Siga o coelho branco”.

            Por favor, não tente explicar esse texto.

            “O que é já foi; o que há de ser, também já foi, e Deus investigará o passado” (Eclesiastes 3.15).
  Allan Brizotti

terça-feira, 31 de julho de 2012

Não existe cintura fina e barriga reta mais bonita do que as curvas que vc me da.
Não existem elogios vazios, vindo de desconhecidos na rua que valha mais do que o amor que me aquece a cada pequeno movimento seu, dentro de mim.
Não existem roupas da moda, maquiagem e acessórios que me deixe mais atraente do que a beleza que sua presença me da. Porque sua existência ilumina a minha alma, da vida a minha vida.
Não existe noites badaladas mais satisfatórias do que passar horas a fio no silencio e o calor da minha cama imaginando seu sorriso.
Não ha espelho que reflita minha imagem tão perfeitamente como a imagem disforme do ultra som me mostrando vc.
Não foram criadas bebidas alcoólicas, drogas ou vícios que me deixe mais alegre do que sentir a sua reação positiva quando deixo o raios do sol alcançar o meu ventre....
Não existe amizade mais profunda e mais sincera do que o sentimento flui de mim para vc e de vc para mim.
Não ha sensação de fome quando vc esta alimentado
Não ha saúde fraca quando vc esta saudável.
Não existe cansaço quando vc esta forte.
Não existe feiúra quando vc é o fruto do meu ventre, o resultado do amor puro e genuíno de duas pessoas.
Não ha tristeza quando vc me consola.
Não ha morte quando vc esta vivo.
Nao ha maldade enquanto vc cresce tão inocente...
Nao existe dor quando estou prestes a encontrar vc, pessoa mais importante da minha vida. Pessoa que justifica a minha existência...
Te amo alem do amor, vida minha.
Para meu bebe, que cresce e me faz um ser humano maior..

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Janelas da Vida

Abra a janela do teu coração e deixe a alma arejar! Sabe aquele cheiro de mofo de sonhos que envelheceu e você nem se deu conta? Deixe que o vento leve para longe...
Livre-se também do ranço amargo de toda mágoa e do rancor, faça uma boa limpeza na vidraça do coração, garanto que você enxergará melhor a vida lá fora.
Deixe a luz inundar tudo, apagar as marcas das decepções, as tristezas das derrotas e da mania de sofrer por sofrer e acima de tudo, permita que o sol derreta o gelo da solidão.
Apaixone-se por um sorriso e sorria junto, ilumine as janelinhas dos olhos... Ame a pessoa que o espelho reflete todas as manhãs.
Escancare a janela dos desejos e esbanje sonhos, ninguém sonha em vão, e também não é verdade que os sonhos fogem, as pessoas é que desistem, e eles morrem.
Desenhe um horizonte além da tua janela, exagere nas cores e... Faça florescer todos os campos que sua vista alcança. Vá além, muito além....
Abra a janela da vida e seja pleno em cada coisa ainda que pareça pequena. Viva com a espontaneidade de uma criança. Debruce na janela e não olhe a vida passar através dela... Viva! 

Experiencias dificeis

Todos nós já tivemos, de uma maneira ou de outra, experiências difíceis na vida. Isto faz parte de nossa viagem por esta Terra – e embora muitas vezes pensamos que “as coisas podiam ter acontecido de outra maneira” - o fato é que não podemos mudar nosso passado.
Por outro lado, é uma mentira pensar que tudo que nos acontece tem o seu lado bom; existem coisas que deixam marcas muito difíceis de superar, feridas que sangram muito.
Como, então, nos livrarmos de nossas experiências amargas?
Só existe uma maneira: vivendo o presente. Entendendo que, embora não possamos mudar o passado, podemos mudar a próxima hora, o que acontecerá durante à tarde, as decisões a serem tomadas antes de dormir.
Como diz o velho provérbio hippie: “hoje é o primeiro dia do resto da minha vida”.



"Paulo Coelho"

Porque você é unico!

Porque você é único

Não viemos ao mundo por acaso, simplesmente por vir. Temos um lugar a ocupar. um papel à nossa espera, uma missão a cumprir.

Um apelo nos é feito a cada instante e a nossa resposta é urgente e inadiável, única e singular.
Essa é a responsabilidade de cada um: a certeza de que somos insubstituíveis, na íntegra, porque ninguém é igual a ninguém, pessoa alguma é igual a mim ou a você.

O meu sim é diferente do seu, assim como a sua história é diferente da minha. O meu temperamento é único, como únicos, a sua concepção de vida e a sua visão do mundo.
A sua maneira de ser é só sua e você pode decidir de um modo ímpar em relação ao todo. Mas, embora únicos, não vivemos separados.

Fazemos parte de um bloco, uma gigantesca engrenagem, que depende de cada um isoladamente.
Há uma ligação constante e permanente, de cada um com o todo. O mundo, a humanidade, dependem da minha decisão, da sua ação, do meu espírito, da sua inteligência, do meu otimismo, da sua compreensão, do nosso AMOR.
Se você se esquivar, se você negar a sua parte, haverá uma lacuna e ninguém poderá preenchê-la. O que é seu, só você mesmo pode dar, por que você é único.

O mal do nosso tempo é acusar o mundo e a humanidade como se não fizéssemos parte deles e fôssemos tão somente simples espectadores. O mundo somos nós. Nós somos a humanidade. Somos muitos... Embora sendo muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. Porque assim como em um corpo, temos muitos membros, onde nem todos os membros têm a mesma operação.
Tendo vários membros, fazemos parte de um só corpo. Mas o corpo somente funciona, com a ajuda de todos os membros.

Coisas que a vida ensina

Amor não se implora, não se pede não se espera...
Amor se vive ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.

Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças acerca de suas ações.

Obrigado, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que abrem portas para uma vida melhor.
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...



"Artur da Távola"

Prisão

A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.
Geralmente quando a gente começa a viver muito em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente tá muito mais preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos sobre nós mesmos.
O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que nEle havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade.
Durante muito tempo eu fiquei preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os outros acham de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.





"Padre Fábio de Melo"

Aprendendo a Viver


Aprendi que se aprende errando
Que crescer não significa fazer aniversário.
Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.
Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro.
Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.
Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.
Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela
Que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada
Que a Natureza é a coisa mais bela na Vida.
Que amar significa se dar por inteiro
Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.
Que se pode conversar com estrelas
Que se pode confessar com a Lua
Que se pode viajar além do infinito
Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde.
Que dar um carinho também faz...
Que sonhar é preciso
Que se deve ser criança a vida toda
Que nosso ser é livre
Que Deus não proíbe nada em nome do amor.
Que o julgamento alheio não é importante
Que o que realmente importa é a Paz interior.

"Não podemos viver apenas para nós mesmos.
Mil fibras nos conectam com outras pessoas;

e por essas fibras nossas ações vão como causas
e voltam pra nós como efeitos."

"Herman Melville"

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.


"Charles Chaplin"

sábado, 12 de maio de 2012

Pense bem antes de dar uma segunda oportunidade 
a quem não valorizou a primeira.

Deus sabe tudo de mim,
 mas me ama mesmo assim. 
Sou pecador e não mereço o Seu amor.
 Obrigado por me amar Senhor!

"Prefiro perder algumas pessoas
 com o tempo do que perder
 tempo com algumas pessoas."



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O inacabado que há em mim...

Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina.
Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão.
Eu sou inacabado. Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.

Ando necessitada de dizer quem sou...

“Ando necessitada de dizer quem sou. Careço de encontrar alguém a quem eu possa retirar as máscaras, mostrar o coração. A dificuldade que enfrento no momento parece desvendar outros obscuros que trago em mim. Estou inadequado. Experimento e constato essa inadequação nas pequenas coisas. Estou precisando confessar meus medos. Só por isso lhe escrevo.”

"Meu objetivo na vida não é mais ganhar, mas perder.
Estranho? Eu sei. Mas esta é minha verdade.
Entrei no movimento do tempo.
A cada dia tenho menos tempo para ser quem sou.
A vida está se despedindo de mim.
Mas não há sofrimento nessa perda.
Em tudo isso eu vejo um ganho.
O tempo diminui, mas a intensidade com que vivo pode ser redobrada.
Menos um dia? Não tem problema. Reforço a intensidade.
Assim eu vou ganhando com as perdas.
Vou colocando mais vida na minha vida."

Aprendi...

"Aprendi que o passado pode ser um quadro na parede,
mas nunca a mobília principal." 
 

É possivel ser feliz...

"É possível ser feliz mesmo quando não estejamos alegres.
Em muitos momentos árduos da vida eu permanecia feliz.
Por quê?
Eu tinha certeza de que estava no lugar certo, fazendo a coisa certa." 

"Já não tenho o dom de modificar uma pessoa,vou modificar aquilo que eu posso:o meu jeito de olhar para ela"
 

Não pense duas vezes...

A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser adimirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.
Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.
Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes. Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.
Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.
Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira... Eu vivo assim... Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira. Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas. 

O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas. O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.
Felicidades pequenas... O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância ,sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.
A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.
E então sorrio, como quem sabe,que quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças... E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.
O que hoje você tem diante dos olhos? Merece um sorriso? Não pense duas vezes...

Padre Fábio de Melo

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Acabou a festa, como acabou o ano. Muito longe deter tudo renovado nesse primeiro dia, começamos já cansados. Passamos o ano, deixamos o velho pra trás, mas viemos com nossas bagagens. Nada muda, senão essa esperança que se apega a nós de que alguma coisa será diferente daqui pra frente.

Das culpas que carregamos do que passou, poucas assumimos. É a crise, é a vida, é a sociedade e é assim. A vida é essa batalha que se dá a cada dia e cada amanhecer é uma vitória sobre o dia passado. Somos carregados pela massa, levados pela água que não controlamos e nos tornamos sobreviventes.

O que pode fazer diferença entre o ano que passou e o que começa não são as horas, nem a cor do céu ou a chuva e o sol que continuam incansavelmente os mesmos. A única coisa que pode fazer diferença de um dia para o outro, de um ano para o outro, de uma situação para outra, somos nós mesmos.

Os caminhos espinhosos do passado, devemos evitar.Não poderemos mudar as decisões que tomamos e das quais nos arrependemos, mas podemos, apesar disso, mudar o rumo das nossas prioridades, podemos mudar de idéia e assumir isso de cabeça erguida. 

Só os tolos carregam seus erros sem jamais reconhecer a falha e esses chegam ao fim da linha com os ombros pesados, vítimas da própria tolice.

Os sábios, ah, os sábios!, quem disse que nunca erraram? Nenhum homem é feito de perfeição e os sábios reconhecem isso como ninguém. Mas eles sabem consertar, restaurar, mudar de caminho, olhar para o lado onde ninguém ousa olhar e possuem dentro do peito uma determinação desconhecida aos simples mortais.

Nesse ano que começa, que haja sabedoria em seu coração! Não considere-se como mais um que erra, mas como mais um que procura acertar e ponha seu coração na busca da felicidade, mesmo que essa seja apenas uma vaga imagem muito longe de você. 

O coração transporta, leva, trás, motiva, ajuda a sobreviver. Ele acredita nos sonhos, nos mais loucos sonhos e pulsa a cada passo que damos na boa direção. 

Que nesse novo ano você dê o primeiro passo, apenas o primeiro, mas aquele fundamental para os seguintes! Se a vida não for cor-de-rosa, coloque você mesmo a sua cor preferida para transformá-la. Só você é responsável do seu destino, dos seus erros e das suas vitórias! Só você pode recomeçar e refazer e esse é o meu desejo maior nesse dia de hoje!
Leticia Thompson